O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), por meio da Diretoria de Biodiversidade e Florestas através da GEBIO representada pelo biólogo do IMA, Ricardo Barros Penteado, acompanhou no início deste mês, uma expedição formada pelo Prof. Dr. Luiz Fernando Ribeiro e pelo técnico do Centro Nacional de Pesquisa e conservação de Répteis e Anfíbios (RAN) Tiago Quaggio Vieira, da PUC do Paraná e do ICM-BIO, respectivamente, para prospectar a ocorrência de 3 espécies de Brachycephalus ou sapinhos de montanha, nas cidades de Luiz Alves, Massaranduba, e Campo Alegre.
Descritas recentemente pela ciência, a Brachycephalus boticario, Brachycephalus mirissimus e Brachycephalus quiririensis, estas espécies de sapinhos, com menos de 1,0 cm na fase adulta, se caracterizam por apresentar populações reduzidas, sendo classificadas como microendêmicas, ou seja, ocorrem exclusivamente em áreas de distribuição muito reduzidas, como por exemplo, um topo de morro exclusivamente.
“Mesmo não estando relacionadas nas listas de fauna ameaçada de extinção, devido ser uma descoberta recente e apresentar carência de dados científicos, só por apresentar distribuição tão restrita, pode se inferir se tratar de espécies bastante ameaçadas. Alguma perturbação, como um incêndio no topo de um dos morros de ocorrência, por exemplo, pode levar a extinção da espécie”, explica o biólogo.
Na ocasião, o grupo identificou vocalizações dos sapinhos, o que confirma a presença dos mesmos nas regiões amostradas, além de encontrar também, diversas ameaças em potencial para as espécies como visitação não orientada de pessoas nos locais, presença de descarte de lixo doméstico, indícios de fogueiras feitas por visitantes. Assim, diante das constatações, e com o objetivo de conservar as espécies recém-descobertas e já ameaçadas pelas pressões humanas, a equipe realizou reuniões com as secretarias municipais de Meio Ambiente destes municípios para viabilização de programas municipais de conservação destas espécies.
“Estamos à disposição dos municípios para auxiliar nos processos de conservação destes anfíbios como a construção de campanhas de educação ambiental nas escolas, colocação de placas informativas nas trilhas com orientações para a presença das espécies ameaçadas, e reforçar a necessidade de cuidados em relação a licenciamento de atividades nas áreas de ocorrência das espécies, principalmente, de atividades potencialmente prejudiciais a conservação destes indivíduos”, contou