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Quem voltou à natureza na manhã do último sábado, 26 de junho, foi um petrel-gigante-do-Sul (Macronectes giganteus). Ele havia sido resgatado por um morador na Praia do Moçambique, em Florianópolis, no dia 10 de junho, e entregue no Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CePRAM/R3 Animal), localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho. A ave foi reabilitada com sucesso e liberada na mesma praia em que foi encontrada.

Segundo a médica-veterinária Daphne Wrobel Goldberg, a ave deu entrada no CePRAM com muco na traqueia, uma lesão na córnea do olho esquerdo e ectoparasitas (piolhos).

“Os exames de sangue apontaram um aumento de leucócitos, sugestivo de inflamação, e o hemograma não estava dentro dos parâmetros normais. Entramos com antibioticoterapia, colírio anti-inflamatório, antibiótico e cicatrizante para tratar da lesão no olho esquerdo”, explica Daphne.

O petrel foi hidratado com suplementação vitamínica e alimentado com papa de peixe até se alimentar voluntariamente. Ele estava ativo e foi transferido para o recinto com piscina. Após dias de tratamento, o olho estava com bom aspecto. A ave também estava com boa postura de asas, impermeabilização das penas e realizou processo de condicionamento físico. Exames complementares apontaram estar apta para soltura.

Ave oceânica

O petrel-gigante-do-Sul é um procelariforme da família Procellariidae, que engloba albatrozes e pardelas. Mede entre 85 a 99 centímetros de comprimento e pesa entre 3,8 a 5 quilos. A envergadura das asas atinge entre 1,85 a 2,05 metros. São aves que possuem polimorfismo, com pelagens escuras ou claras quando adultas.

A maioria dos juvenis que ocorrem no Brasil tem colocação das penas marrom, com íris cinza pálido ou marrom. As pernas e patas são de coloração escura. O pico é extremamente grosso, de cor amarelada pálida com a ponta esverdeada, com túbulos nasais compridos.

Essa espécie de petrel, como o nome diz, habita a região Sul dos mares do Hemisfério Sul. Nidificam em arquipélagos tais como as Ilhas Geórgia do Sul, Ilhas Auckland e Campbell, Ilha Gough, ao sul do Arquipélago de Tristão da Cunha e Ilhas Malvinas/Falklands. No Brasil, ocorre desde o litoral do Rio Grande do Sul com registros até o Espirito Santo.

Alimenta-se de peixes, lulas e krills (pequeno crustáceo), mas também de carcaças de aves e mamíferos marinhos. Costuma seguir embarcações pesqueiras e acaba interagindo com a pesca de espinhel. De olho nas iscas, são capturados de forma incidental (bycatch).

Caso aviste um mamífero, ave ou tartaruga marinha debilitada ou morta na praia, ligue 0800 642 3341, das 7h às 17h. Sua ajuda é fundamental para salvar vidas!

➡️O CePRAM/R3 Animal fica localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho, unidade de conservação sob responsabilidade do Instituto do Meio Ambiente (IMA-SC), em parceria com a Polícia Militar Ambiental.

➡️O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo Ibama, das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos.

➡️O objetivo do PMP-BS é avaliar possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.

➡️O PMP-BS é realizado desde Laguna/SC até Saquarema/RJ, sendo dividido em 15 trechos. Em Florianópolis, o Trecho 3, o projeto é executado pela R3 Animal.

Texto e foto: Nilson Coelho / Associação R3 Animal.