O Governo do Estado de Santa Catarina, por meio do Instituto do Meio Ambiente (IMA), após denúncias feitas sobre o aumento da mortandade de botos-pescadores da população residente no complexo lagunar Santo Antônio-Imaruí-Mirim, elaborou, em parceria com diversas instituições, o Plano de Ação Estadual para Conservação do Boto-Pescador – PAE Boto-Pescador (Tursiops gephyreus).
Após quase dois anos da publicação já podem ser observados avanços e resultados positivos para a conservação do boto-pescador de Laguna. A principal é que desde a elaboração do plano não foram registradas mortes de botos-pescadores por emalhe.
Para isso, entre as ações destacam-se as de fiscalização e monitoramento realizadas desde dezembro de 2019, onde foram apreendidas várias redes irregulares, inclusive as de emalhe. Por meio destas operações foi possível constatar intervenções em ecossistemas de marisma por meio de barramento e supressões de vegetação nativa.
Além da fiscalização, placas foram elaboradas e instaladas no complexo lagunar a fim de sensibilizar condutores de embarcações, principalmente, a manterem a velocidade permitida. Os locais onde as placas estão colocadas foram indicados pelos representantes das associações de jetski que também estão empenhados com a conservação do animal.
A parceria com a Marinha do Brasil também possibilitou acompanhar as solicitações de autorização para realização de eventos náuticos nas áreas de uso e concentração da população do boto.
As pesquisas são de grande importância para realização dos objetivos do PAE – Boto pescador. Vários trabalhos de pesquisa vêm sendo desenvolvidos a partir das demandas do Plano, como a estimação dos níveis de captura acidental do boto por emalhe e sua distribuição espaço-temporal. E mesmo com as limitações impostas pela pandemia, as reuniões do Grupo de Trabalho (GT) do Boto seguem acontecendo de forma virtual.
De acordo com a coordenadora do Plano e bióloga do IMA, Luthiana Carbonell o trabalho segue agora para o maior envolvimento da comunidade na conservação dos botos, assim como para o fortalecimento da fiscalização do tráfego de embarcações e também para mitigação dos impactos incidentes no habitat da espécie.
“Graças ao forte engajamento das diversas instituições, as ações têm sido conduzidas de forma participativa, o que acaba por repercutir de forma positiva na execução do Plano. Os desafios para a conservação do boto-pescador são muitos, e este engajamento será fundamental para o alcance de soluções conjuntas para as causas que ameaçam a conservação dos botos”.
Foto: Laboratório de Zoologia UDESC - Sther Pessoa.