Chegou a hora de voltar para casa. Nesta terça-feira, 30 de abril, 10 pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus) voltaram ao habitat natural. Os animais estavam em reabilitação no Centro de Pesquisa, Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos (CePRAM), localizado no Parque Estadual do Rio Vermelho, em Florianópolis, Unidade de Conservação administrada pelo Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA).
As aves marinhas são remanescentes da temporada do ano passado. O pinguim que estava há mais tempo em reabilitação chegou em setembro de 2018. Os animais passaram por tratamento e não foram soltos antes porque estavam em período de muda de penas. “Durante a muda o pinguim perde a impermeabilização das penas o que impossibilita a soltura”, explica a médica–veterinária Cristiane Kolesnikovas da Associação R3 Animal e Coordenadora do PMP-BS em Florianópolis.
Deste grupo de pinguins, três foram resgatados pela equipe da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), três pela UDESC/Laguna, três pela Univille e um pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC). Em 2018, desde que começaram a chegar os primeiros pinguins-de-Magalhães - meados de outono e início do inverno – 64 aves desta espécie foram reabilitadas e soltas.
A soltura, além de ser um momento de comemoração para toda a equipe que participa do tratamento dos animais, gera bastante emoção. “É uma mistura de saudade, mas uma felicidade imensa saber que deu certo o trabalho. Quando a reabilitação ocorre e eles conseguem em grupo, todos saudáveis, voltar ao habitat é o ápice do nosso trabalho”, festeja, entre lágrimas e sorrisos, a estudante de Ciências Biológicas, Paula Trombini Tiburski.
Os pinguins
Os pinguins-de-Magalhães nos visitam todos os anos. Na proximidade do inverno no hemisfério sul, eles deixam as colônias na Patagônia, na Argentina, e rumam ao norte em busca de alimento. É comum que algumas aves não consigam retornar às colônias de origem e são encontradas mortas em nossas praias. Outras chegam às praias cansadas, debilitadas, desidratadas, muitas com quadro de pneumonia, e necessitam de cuidados. A maioria dessas aves é juvenil, em seu primeiro ano de vida, e encaram a primeira viagem migratória.
Resgatados, os pinguins são encaminhados e recebem tratamento da Associação R3 Animal, através do Projeto de Monitoramento de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). O PMP-BS é realizado desde Laguna/SC até Paraty/RJ, sendo dividido em 15 trechos.
O Projeto de Reabilitação
O Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural no Polo Pré-Sal da Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama. Esse projeto tem como objetivo avaliar os possíveis impactos das atividades de produção e escoamento de petróleo da Petrobras na Bacia de Santos sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, através do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos animais encontrados mortos. Em Santa Catarina, o projeto é realizado pela Associação R3 Animal em parceria com o IMA e com a Polícia Militar Ambiental.
Se você encontrar um mamífero, tartaruga ou ave marinha morta ou debilitada, ligue 0800 642 3341. Sua ajuda é fundamental para salvar vidas!
Texto com informações da Associação R3 Animal.
Fotos: Júlio Cavalheiro/Secom