Os agricultores ganharam uma energia a mais para produzir em Santa Catarina. Na quinta-feira, 22 de novembro, foi lançado o Programa SC AgroSolar que tem por objetivo beneficiar os produtores catarinenses por meio da utilização de opções tecnológicas que vão aprimorar a produção.
Fruto de uma parceria entre o Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado de Agricultura e Pesca, Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina, Fetaesc, Souza Cruz e Weg, o programa, instalado inicialmente na localidade de Ribeirão Matilde, no município de Atalanta, vai reduzir os custos de energia elétrica das propriedades rurais por meio da geração de energia solar, o que contribui para aumentar a rentabilidade dos produtores envolvidos, além de ser significativamente benéfico para a preservação do meio ambiente.
O casal de produtores Mário Jaison Alves e Dalvete Fátima Correa Alves foi o primeiro a ser contemplado com a iniciativa. O projeto piloto já em execução foi instalado em uma área de três hectares. A estimativa de produção, após a implantação do programa, é de 28 mil toneladas e a expectativa de receita gira em torno de R$ 300 mil.
A intenção dos órgãos parceiros do projeto é estender o SC AgroSolar para todos os produtores que terão benefícios para adquirir a tecnologia de geração de energia solar. Um dos problemas que o programa deve solucionar é a irrigação que, em algumas áreas, não é realizada por falta de energia elétrica.
Durante o evento de lançamento do SC AgroSolar, o prefeito de Atalanta, Joares Miguel Rodermel, destacou a importância do projeto que não apenas vai contribuir com a agricultura local, mas tem como base o cumprimento das condições ambientais e a garantia da qualidade do produto. “É com muito orgulho que Atalanta recebe esse investimento que tenho certeza trará excelentes resultados”.
O diretor de tabaco da Souza Cruz, Dimar Frozza, discorreu sobre o investimento da empresa em tecnologias e iniciativas que constituem o Sistema Integrado do Tabaco, realizado pela Souza Cruz há exatos 100 anos. “Tudo que for para melhorar a qualidade de vida do produtor, a Souza Cruz é parceira. Este projeto não é um favor, é negócio. É um trabalho que tem como objetivo gerar resultados”, afirmou.
Representando a Secretaria de Estado de Agricultura e Pesca, o diretor de Políticas para Agricultura Familiar e Pesca, Hilário Gottselig, enfatizou que a agricultura de Santa Catarina é referência para o Brasil e para o mundo e lembrou que o estado é o sexto maior produtor de alimentos do país. “O mundo todo conhece a agricultura familiar catarinense pelo trabalho de agricultores como Mário e Dalvete que abriram suas portas para este projeto, que acreditaram em nós, assim como nós acreditamos neles”.
Para o presidente do Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina, André Adriano Dick, o SC AgroSolar representa uma possibilidade para os agricultores aumentarem a renda, diminuindo gastos e ajudando o meio ambiente. Durante o seu discurso, o presidente do IMA anunciou que uma alteração aprovada pelo Consema vai permitir que os projetos de geração de energia solar fotovoltaica que ocupem áreas de até três hectares em solo possam ter a Certidão de Conformidade Ambiental emitida de forma online e imediata, sem a necessidade de análise prévia pelo IMA. O órgão ambiental, por sua vez, realizará auditoria posterior para verificar o cumprimento das normas.
O Programa
Durante uma discussão sobre energias renováveis, a Souza Cruz propôs que a Fetaesc criasse um projeto piloto de energia solar isolado pra irrigação em gotejamento. A integradora de produção de Tabaco indicou um produtor rural e ministrou toda a orientação técnica do projeto, que foi financiado com o Fundo de Desenvolvimento Municipal (FDM), destinado pela Secretaria de Estado de Agricultura e Pesca.
Embora o trabalho da Weg seja criar produtos e soluções de energia, a empresa, que é mundialmente conhecida, ainda não havia tido a oportunidade de contribuir com o desenvolvimento dos pequenos agricultores e da agricultura familiar. Porém, com a parceria firmada, a Weg doou as placas fotovoltaicas e a instalação.
A Fetaesc contribui com a adequação ambiental do agricultor, buscando orientação técnica para o plantio e questões hídricas, com a colaboração do IMA.
O presidente da Fetaesc, Walter Dresch, afirma que a Federação está preocupada com a sustentabilidade da agricultura familiar e com a preservação do meio ambiente. “Estamos procurando maneiras de produzir com menos impacto ambiental e a energia fotovoltaica traz essa possiblidade”.
Além disso, programas como o Irrigar, criado pela Secretaria de Agricultura e Pesca de Santa Catarina, que incentiva o armazenamento de água em tanques escavados ou ainda em pequenos barramentos, obrigatório para irrigação, encontraram dificuldades para execução pela falta de energia elétrica.
Neste sentido, o SC AgroSolar nasce para resolver este e outros problemas enfrentados há anos pelos produtores e produtoras que com trabalho árduo e muita dedicação fazem do estado catarinense uma referência mundial em agricultura familiar e na qualidade da produção.