O Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) realiza na próxima quinta-feira, 03 de maio, o evento Roça de Toco em Biguaçu, histórico de pesquisas e trabalhos em andamento. O evento ocorre no auditório do Epagri/Cepa a partir das 08h30.
O objetivo do encontro é apresentar às instituições relacionadas com o meio ambiente o histórico de pesquisas sobre a Roça de Toco, realizado em Biguaçu pelo IMA e organizações parcerias, além do convênio firmado entre o Instituto e a Associação Valor da Roça.
A Roça de Toco é um tradicional sistema de cultivo praticado nas localidades de Três Riachos e Fazendas, em Biguaçu, em que uma pequena área de vegetação é derrubada e depois cultivada por dois anos. A lenha retirada é usada nos engenhos de farinha, nos fogões de lenha e na produção de carvão vegetal. Depois da colheita, a terra é deixada em pousio (período em que área é deixada em repouso) e, assim, a floresta renasce naturalmente.
Desde 2009, por meio da Rede Sul Florestal, formada por pesquisadores de entidades como Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina, Universidade Federal de Santa Catarina, Epagri, Udesc, entre outras, várias pesquisas foram implantadas no sentido de conhecer mais e valorizar os processos e conhecimentos associados à roça de toco.
Neste período os diversos trabalhos realizados apontam, principalmente, que o sistema desenvolvido pelos agricultores, conhecido localmente como roça de toco, tem permitido a manutenção das florestas e a conservação da biodiversidade, evitando a conversão definitiva da terra para outro uso, por exemplo, formação de pastagem ou plantio de florestas exóticas, como ocorre em outras regiões.
Outro diferencial que ocorreu na região é a articulação e organização dos agricultores. Em 2013 formaram a Associação dos Agricultores Familiares da Roça de Toco de Biguaçu – Associação Valor da Roça - com o objetivo de promover a roça de toco e os sistemas agroflorestais.
A Associação possui um Caderno de Normas que é seguido rigidamente pelos associados. Uma das principais regras estipuladas é que a vegetação suprimida para iniciar o cultivo da roça volte a se regenerar após curto período de cultivos anuais (em geral, dois ou três anos). Para garantia de que as regras sejam cumpridas, uma comissão de associados faz vistorias nas áreas em regeneração e, assim, certifica de forma participativa o cumprimento do compromisso assumido.
O evento Roça de Toco em Biguaçu tem como finalidade apresentar as conclusões dos diversos estudos realizados sobre este cultivo em diversos aspectos, como os benefícios socioecológicos, controles ambientais desenvolvidos pelos agricultores, transparência aos consumidores em relação aos produtos que vêm da roça, entre outros.
O evento é organizado pela Gerência de Licenciamento Ambiental Rural do IMA e ocorre no dia 03 de maio, das 8h30 às 11h30, no auditório do Epagri/Cepa, localizado na Rodovia Admar Gonzada, 1486, no Itacorubi, em Florianópolis.