As corujinhas Suindara, conhecidas por um rosto em formato de maçã, ficaram órfãs. Ao todo, oito. Não se sabe se a mãe morreu ou simplesmente alguém deslocou o seu ninho fazendo-as se perderem. O fato é que corujas tão pequenas, sem a mãe, não sobrevivem sozinhas na natureza. Não conseguem alimentos. Apesar disso, a história das corujas, por sorte, ganhou um final feliz... Assim como a de mais de três mil animais silvestres que chegaram em 2014 ao Núcleo de Tratamento e Recuperação de Animais Silvestres (Nutras) do Rio Vermelho, Florianópolis, gerenciado pela Fatma com apoio da R3 animal e Polícia Militar Ambiental.

O Nutras é o único local público em Santa Catarina que recebe animais silvestres. Eles vêm de todas as regiões. Muitos debilitados, frutos de maus tratos, de contrabando, atropelamento ou simplesmente abandonados (dóceis, não podem mais voltar à natureza). Também há aqueles que simplesmente chegam debilitados ao nosso litoral, como os pinguins e Atobás. Desde o ano passado, a competência pelos cuidados com os animais silvestres de Santa Catarina, oficialmente, passou a ser da Fatma, no entanto o trabalho no Parque do Rio Vermelho é mais antigo, contando com um forte apoio da Polícia Ambiental.

NUTRAS É COMPOSTO POR TRÊS PARTES

Quando um animal chega ao Parque, primeiramente ele passa por uma triagem. Na enfermaria, eles são avaliados pelos veterinários e biólogos, são tratados, alimentados e passam por procedimentos cirúrgicos, se necessário. Essa parte, comparada a um hospital, é a UTI do Nutras.

Tatu órgão recebe os primeiros cuidados (e carinho) na enfermaria.

Na segunda parte do tratamento, quando os animais já estão melhores, eles são encaminhados para a estrutura ao lado, onde vivem em viveiros com outros animais. Essa estrutura, então, seria considerada os quartos de um hospital.

Gato do mato se recupera para logo voltar à natureza.

Por último, chega a hora de dividir os animais que podem ser soltos dos que, infelizmente, não sobreviveriam mais na natureza. As corujinhas órfãs, por sorte, puderam retornar ao habitat natural. Foram bem cuidadas, alimentadas, e vão conseguir sobreviver na natureza. Outras corujas já não mais. Algumas cegas, outras com asas quebradas, não terão um destino de liberdade, mas se tornarão uma grande ferramenta de educação ambiental, serão as estrelas da Trilha Ecológica do Rio Vermelho.

A Trilha, com 1km de percurso totalmente acessível para cadeirantes, conta com 15 viveiros onde esses animais, que não podem retornar a natureza, vivem e recebem visitas de crianças e adultos, totalmente gratuito. A trilha é guiada por biólogos que contam a história de cada animal e alertam sobre as ações humanas que os levaram a estarem ali.

No ano de 2014, a Fatma recebeu em seu Nutras cerca de três mil animais, sendo 2,4 mil aves, 350 mamíferos e 250 répteis. Destes, aproximadamente 45% retornam a natureza. Dos 55% que não podem retornar, parte são doados a criadores autorizados e o restante vão para a Trilha Ecológica.