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Os pescadores artesanais de Laguna estão preocupados com um dos mais antigos botos-pescadores, a fêmea carinhosamente chamada de Caroba. Ela teria passado um período ausente do convívio e da atividade de cooperação com os pescadores, e após seu retorno os pescadores detectaram o aumento bastante pronunciado de lesões na pele do animal.

De acordo com o Professor e Pesquisador da UDESC Pedro Volkmer de Castilho, coordenador do Projeto de Monitoramento de Praias- PMP, a Caroba possui aproximadamente 40 anos de idade, sendo um dos indivíduos mais antigos da população de botos-pescadores do complexo lagunar.

Segundo ele, o surgimento das lesões pode ser um reflexo da qualidade do ambiente associado a um declínio da capacidade imunológica do animal, sendo que locais com agentes poluidores costumam aumentar a ocorrência de patógenos causadores de doenças de pele. No caso da boto Caroba, a aparência das lesões sugere que a lesão seja causada por agente fúngico, mas a confirmação do agente causador seria possível somente por meio de biópsia.

A abordagem para estes casos envolve a captura do animal e sua transferência para o cativeiro, onde necessita permanecer ao menos 11 dias para tratamento com medicamentos específicos e cuidados especializados. Diversas instituições envolvidas na conservação do boto-pescador estão trabalhando em conjunto no delineamento de estratégias para a implantação de um protocolo de captura para os botos de Laguna, o que inclui o estabelecimento de estruturas adequadas e também pessoal altamente capacitado.

Por se tratar de um protocolo bastante complexo, que envolve uma série de riscos, inclusive à sobrevivência dos botos, o protocolo somente será implantado quando, além das condições básicas de estrutura e pessoal forem atendidas, for possível obter um grau elevado de segurança para os botos e para todos os envolvidos.

A boto Caroba continuará sendo monitorada pelas equipes de pesquisadores do Laboratório de Zoologia da UDESC e sua atividade e estado de saúde serão observados.

O IMA informa ainda que entre as ações que integram o Plano de Ação Estadual para a Conservação do Boto-Pescador está uma proposta de pesquisa participativa para avaliação da presença de resíduos potencialmente contaminantes em diferentes componentes ecossistêmicos do Sistema Estuarino de Laguna, SC. A proposta já foi elaborada por pesquisadores da UDESC e encontra-se em fase de captação de recursos.

Crédito de Fotografia: Sther Gonçalves Pessoa UDESC/LabZoo.