Santa Catarina reduziu em 22% o desmatamento de Mata Atlântica em 2018-2019, segundo dados do Atlas da Mata Atlântica, divulgado nesta quarta-feira, 27 de maio. Na contramão do estado catarinense, a pesquisa mostra que no país a destruição deste bioma cresceu 27% quando comparado com o período anterior (2017-2018), o que representa 14.502 hectares.

Santa Catarina conserva 2.186.316 hectares de áreas de florestas remanescentes de Mata Atlântica, o que corresponde a 22,8%. Quando acrescidos ecossistemas como campos, manguezais, áreas de dunas, entre outros, a cobertura nativa sobe para 28%, colocando o estado catarinense como o segundo no Brasil com a maior área de Mata Atlântica, atrás apenas do Piauí.

Em 2019, de acordo com o Atlas, em Santa Catarina foram desmatados de forma irregular 710 hectares, 22% a menos que no período 2017-2018. Segundo o levantamento, Minas Gerais é o estado campeão de desmatamento com uma perda de quase 5.000 hectares de floresta nativa. A Bahia ficou em segundo lugar, com 3.532 hectares, seguido pelo Paraná, com 2.767 hectares. Os três líderes do ranking tiveram aumento de desflorestamento de 47%, 78% e 35% respectivamente, ao comparar com o período anterior.

Para o presidente do Instituto do Meio Ambiente do Estado de Santa Catarina (IMA), Valdez Rodrigues Venâncio, a redução no desmatamento deve-se a vários fatores como intensificação das ações de fiscalização, mais parcerias com instituições como Polícia Militar Ambiental, ferramentas digitais que auxiliam o monitoramento, novas políticas públicas, além da conscientização dos gestores, empreendedores e da população em geral para a importância da preservação da natureza.

As informações são do Atlas da Mata Atlântica, iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) realizada desde 1989.

 

Outro levantamento divulgado nesta semana foi o primeiro Relatório Anual de Desmatamento no Brasil, elaborado pelo MapBiomas, onde Santa Catarina destaca-se como o estado que menos desmatou no último ano na região sul, e figura entre os 10 estados brasileiros que mais preservou a vegetação.

Segundo os dados apresentados pelo MAPBiomas na terça-feira, 26 de maio, durante o ano foram registrados 130 alertas de desmatamento ilegais em Santa Catarina, o que totaliza 494 hectares. Isso representa 0,2% de todos os alertas registrados no Brasil e menos de 0,0% do estado.

Na comparação com os demais estados da região sul, Santa Catarina tem os menores índices de desmatamento. O Paraná apresenta a maior área desmatada do sul, 2.197 hectares, seguido pelo Rio Grande do Sul, com 1.155 ha.

De acordo com o relatório, no Brasil quase um terço dos focos de desmatamento ocorreu no Pará (32,6%). Cinco estados da Amazônia (PA, AC, AM, RO e MT) respondem por 78,8% dos alertas detectados e por 66% da área desmatada. Dez estados superaram a marca de 1.000 alertas detectados em 2019.

Três estados contam com a velocidade média de desmatamento superando 1 ha/dia por alerta: Tocantins e Piauí (1,19) e Bahia (1,06). Com relação à velocidade, Santa Catarina tem uma média de 0,08 hectares desmatados por dia, por alerta de desmatamento, ficando entre as cinco menores médias do país.

O Relatório

O Relatório analisa os alertas de desmatamento detectados no Brasil que foram validados e refinados sobre imagens de satélite de alta resolução pelo MapBiomas Alerta para o ano de 2019.

A publicação corresponde ao primeiro Relatório Anual de Desmatamento produzido no Brasil, abrangendo todos os biomas brasileiros. Para cada alerta validado e refinado foi gerado um laudo onde são identificadas imagens de antes e depois do desmatamento, os possíveis cruzamentos com áreas do Cadastro Ambiental Rural (CAR), SINAFLOR (Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais), Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC) e outros limites geográficos (ex. biomas, estados, bacias hidrográficas), além do histórico recente (2012 a 2018) nos mapas anuais de cobertura e uso da terra no Brasil do MapBiomas.

No total foram identificados, validados e refinados 56.867 alertas em todo o território nacional, resultando em 1.218.708 hectares (12.187 km2) de desmatamento. 83% desses alertas (63% da área) estão no bioma Amazônia, com uma área total de 770 mil ha. O bioma Cerrado aparece em seguida com 13% dos alertas (33,5% da área), totalizando 408,6 mil ha, seguido pelo Pantanal com 16,5 mil ha, Mata Atlântica com 10,6 mil ha, Caatinga com 12,1 mil ha e Pampa com 642 ha.